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Ivana assume comando da Assembleia sob expectativa de protagonismo em 2026, por Raul Monteiro*

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Editor-Chefe
Por: Editor-Chefe Fonte: POLÍTICA LIVRE
20/03/2025 às 08h38
Ivana assume comando da Assembleia sob expectativa de protagonismo em 2026, por Raul Monteiro*

Com menos alarde e pompa do que o momento merecia, justificável pelo grande imbróglio jurídico que marcou e de certa forma manchou a sucessão à presidência da Assembleia Legislativa, transcorrida num clima de instabilidade até o desenlace final, a deputada estadual Ivana Bastos (PSD) assumiu esta semana em definitivo o comando do Legislativo estadual. Não é um feito pequeno nem de pouco impacto. Trata-se da primeira mulher a tomar posse no cargo nos 190 anos de existência da Casa, uma ausência histórica surpreendente pela qual muitos podem responsabilizar integralmente o machismo do mundo político baiano.

Mas a ascensão de Ivana, é bom que se diga, não teve nada de concessão masculina ou política. De fato, nunca se negou à parlamentar a condição de liderança apoiada pelo senador Otto Alencar (PSD), nome poderoso para o qual se abrem portas no governo, em Brasília, na política baiana e, claro, na Assembleia. Quem, no entanto, acompanhou sua saga pela presidência sabe que foi principalmente devido à determinação pessoal que a parlamentar conquistou o poder, num ambiente naturalmente hostil e dominado por homens, em que seu nome jamais foi cogitado com naturalidade como o de uma verdadeira concorrente.

Pelo contrário, a discussão sobre a sucessão do presidente Adolfo Menezes, do mesmo partido da parlamentar e de Otto, começou envolvendo seu direito de concorrer de novo à presidência, negado pela Justiça após ele ter sido reeleito, iniciativa em torno da qual se articulou, de fato, toda a disputa no Legislativo, mobilizando os partidos mais poderosos e seus líderes. Com uma habilidade que os colegas – frise-se, todos homens – diziam lhe faltar, Ivana aproveitou todas as chances para construir um ambiente que lhe assegurou confiança suficiente para chegar à vice e, nesta condição, poder eventualmente sucedê-lo, como aconteceu.

No caminho, desarmou a bomba da candidatura concorrente do colega Angelo Filho (PSD), costurada pelo senador Angelo Coronel, outro líder de seu partido, costurou o imprescindível apoio de Adolfo e desmontou, com reconhecida competência, a estratégia que o líder Rosemberg Pinto articulara para tentar ocupar o seu lugar na vice, transformando-o de adversário em importante aliado. No final das contas, o curto périplo trilhado por Ivana para conquistar o comando do Legislativo lançou luz sobre uma personalidade política com qualidades como astúcia e firmeza, que tinha até agora, por força das circunstâncias, ficado na sombra. 

Se, como a história pregressa e a trajetória até a presidência demonstraram, Ivana não parece dada a coadjuvâncias, então a Casa, mas sobretudo o governo, devem se preparar para a consolidação de uma nova liderança cujo desejo de influência vai gradualmente se tornar logo claro. Como todos ali, Ivana sabe do que a Assembleia, bem manejada politicamente, é capaz. O maior exemplo é o do correligionário Coronel, que assegurou a vaga ao Senado na chapa de 2018 a partir da presidência. O auge do poder dela ocorrerá por ocasião das articulações para 2026. Primeira presidente da Assembleia, por que Ivana não pode impor seu nome ao Senado?

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

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